Injeção semaglutida é o tratamento mais recente para duas doenças muito comuns na população mundial. Você sabe o que é? Procura pelo preço do tratamento? Se é seguro e qual profissional pode te indicar? Retire suas dúvidas sobre esse medicamento que tem ótimos resultados no tratamento de obesidade.
A semaglutida é um medicamento da classe chamada análogos do GLP-1. Foi inicialmente desenvolvida para tratamento do diabetes tipo 2. Com o tempo, os estudos mostraram perda de peso significativa. E portanto, na atualidade também é indicada para tratamento da obesidade.
Essa classe de medicamentos representa uma revolução no tratamento do diabetes e da obesidade. É o que temos de mais moderno e eficaz para essas duas doenças. Um grande diferencial é o risco de eventos cardiovasculares, ou seja, de causar infarto e AVC (“derrame”) por exemplo. Essa classe reduz esse risco.
É um fato de extrema importância porque, no caso do diabetes, as pessoas geralmente têm outras comorbidades que aumentam muito o risco de doenças cardiovasculares e, consequentemente, o risco de morte.
O tratamento do diabetes atualmente visa não apenas reduzir e controlar a glicemia alta no sangue, mas também de reduzir o risco das graves complicações e de reduzir o risco de morte.
No caso da obesidade também é um marco importante porque no passado as medicações para obesidade estavam associadas a aumento do risco de doenças cardiovasculares e risco de morte, e isso ficou muito forte na lembrança das pessoas, gerando dúvidas, preconceito e medo do uso de medicamentos para perda de peso.
Hoje sabe-se que a obesidade é uma doença e como tal pode necessitar de tratamento medicamentoso. Ter medicamentos seguros é muito importante para a adesão dos pacientes e para o sucesso do tratamento.
Alguns medicamentos disponíveis para venda e uso no Brasil da “família” da semaglutida injetável (análogos do GLP-1) são:
Victoza (liraglutida): para tratamento do diabetes tipo 2 na dose de 1,8mg.
Saxenda (também liraglutida): para tratamento da obesidade na dose de 3mg.
Ozempic (semaglutida injetável): para tratamento do diabetes tipo 2 na dose de 1mg.
Wegovy (também semaglutida injetável): para tratamento da obesidade na dose de 2,4mg (liberado pela Anvisa mas ainda não disponível comercialmente no Brasil).
Os novos estudos, ainda dentro da classe de medicamentos injetáveis para diabetes e obesidade, agora vêm apresentando medicamentos análogos duplos ou triplos. Esses novos vão agir estimulando mais de um hormônio além do já conhecido GLP-1 e podem ter um efeito ainda melhor.
Monjaro (tirzepatida): para tratamento do diabetes nas doses de 2,5 a 15mg (liberado pela Anvisa mas ainda não disponível comercialmente no Brasil)
tirzepatida: para tratamento da obesidade (recém liberado nos Estados Unidos). O mecanismo de ação é ser análogo do GLP-1 e GIP.
Retratutida: em estudos para tratamento do diabetes e da obesidade. O mecanismo de ação é ser análogo do GLP-1, GIP e glucagon.
Esse último encontra-se na fase inicial dos estudos quanto a eficácia e segurança que são obrigatórios até a comercialização de um medicamento. Mostrou redução de 24,2% de peso corporal em 48 semanas. Essa é a maior redução de peso já vista com tratamento medicamentoso. Por isso, vem sendo comparado ao resultado da cirurgia bariátrica.
Foi a partir da semaglutida injetável, que os resultados foram cada vez mais animadores e têm causado sucessos nos congressos de endocrinologia e cardiologia.
A injeção semaglutida serve para tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, associada a dieta e atividade física para controle dessas doenças e prevenção das complicações.
O medicamento funciona agindo no organismo como um hormônio que reduz o apetite e aumenta a saciedade. O hormônio é chamado GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1), por isso o medicamento é chamado análogo do GLP-1.
O GLP-1 é produzido pelo intestino em resposta à alimentação e estimula o pâncreas a produzir e liberar insulina. Os medicamentos análogos do GLP-1 foram desenvolvidos inicialmente para tratar o diabetes tipo 2, em que o corpo produz a insulina de forma insatisfatória.
Mas observou-se também que o GLP-1 causava aumento da saciedade e agia no cérebro, levando a redução do apetite e até mesmo diminuição do desejo por álcool, cigarro e jogos. Assim, tornou-se um potencial para tratamento da obesidade.
Pode ser usada por pessoas com diabetes tipo 2, obesidade (IMC >30) ou sobrepeso e comorbidades associadas ao excesso de peso (IMC > 27).
A medicação é aprovada para adultos e também para adolescentes a partir de 12 anos de idade.
O melhor profissional para indicar o tratamento com injeção semaglutida é o médico. O especialista em tratamento do diabetes e da obesidade é o médico endocrinologista e metabologista.
A injeção semaglutida vem em apresentação de caneta injetável, para uso semanal.
No caso do Ozempic, que é o que está disponível no Brasil no momento para tratamento do diabetes, a dose inicial é 0,25mg 1 vez por semana por 4 semanas. Após isso, deve ser aumentada para 0,5mg 1 vez por semana por 4 semanas.
Após esse período, deve ser avaliado pelo médico a necessidade de ajuste da dose para 1mg, de acordo com a resposta clínica e com os exames complementares.
O Ozempic também vendo sendo utilizado para a obesidade de forma off label (não está na bula), pois tem o mesmo princípio ativo e é o que está disponível para uso. Porém, sabe-se que a dose para diabetes não é a mesma dose para obesidade, por isso seu uso só deve ser feito se com indicação e orientação médica.
O Monjaro para tratamento da obesidade está previsto para chegar no Brasil em 2024.
O tratamento com os medicamentos análogos do GLP-1 infelizmente ainda é caro. Trata-se de medicamentos muito novos e, devido à patente e aos altos investimentos no desenvolvimento, chegam ao consumidor a um custo elevado.
Atualmente, o ozempic é vendido a um custo médio mensal de R$900,00 a R$1000,00. Vale a pena pesquisar nas farmácias e diferentes redes para conseguir o melhor custo benefício. Além disso, também há desconto do laboratório fazendo um cadastro.
O Saxenda, que já é vendido no Brasil há mais tempo, apresenta um custo de cerca de R$600,00 a R$ 800,00. E também deve-se procurar as mesmas formas de reduzir o custo.
O Monjaro (ainda não disponível no Brasil) custa nos Estados Unidos cerca de $1000,00 e pode-se esperar no Brasil no mínimo R$ 5000,00. É possível que seja importado, mas isso eleva ainda mais o custo.
Os riscos da semaglutida injetável são principalmente relacionados ao uso sem indicação médica e sem orientação adequada.
Existem também riscos do uso de medicamentos falsificados. Primeiro porque infelizmente a fabricante dele está com dificuldade de atender à grande demanda do mercado com a produção do medicamento. E segundo pela grande fama e popularização do medicamento, está ocorrendo comercialização ilegal com objetivo de lucrar cada vez mais com o momento.
Os efeitos colaterais em geral e quando o uso é bem indicado e bem orientado são poucos e leves. Efeitos adversos como enjoos e diarréia são possíveis, principalmente no início do tratamento e nos períodos de aumento da dose para titulação.
Os efeitos geralmente são transitórios e é importante ter acompanhamento médico para saber a melhor fora de evitar e contornar de forma saudável.
Existe a apresentação de semaglutida oral diária para tratamento do diabetes tipo 2. No Brasil, está disponível o Rybelsus, comprimidos de 3 e 7mg. Deve ser tomado 1 vez por dia.
Muitas pessoas tem questionado ou feito uso por conta própria para emagrecer. Porém ele não tem essa indicação ainda. Os estudos disponíveis até então mostraram resultados satisfatórios para perda de peso, mas com dose bem maior que a possível nos comprimidos do Rybelsus.
Mas não existe o termo “ozempic oral”, como algumas pessoas já chegaram a mim perguntando sobre. Por isso é muito importante conversar com seu médico e procurar informações seguras devido ao risco de medicamentos falsificados. Também não recomendamos os chamados “ozempic natural” nem manipulado, pois pode ter riscos para a saúde.
O Ozempic foi aprovado pelo FDA (Food and Drog Administration, agência de regulação de medicamentos dos Estados Unidos) em 2017 e em 2021 foi aprovado o Wegovy. O medicamento mostrou perda de peso de quase 16% nos participantes que fizeram uso por mais de um ano, efeito maior que o desenvolvido anteriormente (Saxenda).
Estudos também tem mostrado segurança. O estudo STEP-HFpEF foi apresentado no congresso da sociedade europeia de cardiologia de 2023 e avaliou a semaglutida 2,4mg em pacientes com obesidade e insuficiência cardíaca de fração preservada. O resultado do estudo foi muito satisfatório, indicando melhora dos sintomas da insuficiência cardíaca, além de melhora das limitações físicas e aumento da capacidade de praticar exercícios.
Outro estudo chamado SELECT acabou de ser divulgado em novembro de 2023, foi apresentado no congresso da sociedade americana de cardiologia. Foi realizado em pessoas com sobrepeso ou obesidade com doença cardiovascular prévia e mostrou que a semaglutida na dose de 2,4mg reduziu eventos cardiovasculares em 20%, ou seja, o grupo que usou o medicamento teve risco 20% menor de ter novo infarto e AVC, e menor risco de morte.
Sim, a semaglutida injetável é considerada eficaz e segura. Vale a pena uma avaliação médica quanto à sua indicação e melhor forma de uso. Caso seja indicada e tenha condições de manter o tratamento, vale a pena investir para tratamento dessas doenças tão desafiadoras e responsáveis por prejuízo da qualidade de vida.
Sempre passe por avaliação médica e nunca use medicamento por conta própria. Agindo assim você não correrá o risco de usar um medicamento falsificado ou de forma errada.
Não acredite em resultados milagrosos, a injeção de semaglutida necessita ser acompanhada de uma mudança no estilo de vida, com hábitos saudáveis de alimentação e de exercícios.
É possível emagrecer sem medicamento, com dieta planejada e realização de atividade física. Mas existem bons medicamentos para auxiliar no tratamento para o emagrecimento de quem precisa.
*Imagem inicial deste texto obtida em: https://www.flickr.com/photos/chemist4u/53089269588
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