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Quando repor testosterona

O assunto sobre quando repor testosterona pode ser a dúvida de muitas pessoas que procuram um médico para fazer exames e verificar como está a sua saúde. A testosterona é o hormônio que dá as características do homem.

Ele é responsável, primordialmente, pelo desenvolvimento do sexo masculino dos meninos e o desenvolvimento normal da puberdade. Nos homens sua produção natural ocorre nos testículos e nas glândulas adrenais. As adrenais são as glândulas que ficam localizadas acima dos rins.

Na idade adulta, a testosterona tem função de manter as características tipicamente masculinas como barba, formato do corpo, músculos, pelos e voz. Além disso, esse hormônio é importante para a vida sexual normal do homem como a libido e a função erétil. 

Na mulher, a produção de testosterona ocorre em quantidade muito pequena nos ovários e nas glândulas adrenais. Deve estar em equilíbrio com os hormônios femininos como o estradiol para então manter as características do corpo tipicamente femininas e não causar doenças. 

O que é hipogonadismo

A redução da produção dos hormônios sexuais é chamada de hipogonadismo, pois as glândulas que produzem os hormônios são as gônadas. No homem, trata-se dos testículos e, nas mulheres, dos ovários.  

Assim, o hipogonadismo no homem é a redução da produção de testosterona pelos testículos. Já na mulher é a redução da produção de estradiol pelos ovários. Sua causa pode ser doenças da hipófise, que é a glândula controladora localizada no cérebro que produz os hormônios estimuladores das gônadas.  

Há também doenças das gônadas como doenças congênitas (desde o nascimento), traumas, infecções e doença autoimune. 

Quando repor testosterona no homem

O hipogonadismo masculino é o déficit de testosterona. Causa sintomas como redução da libido, disfunção erétil, redução dos pelos da barba, redução da força muscular e outros. Realiza-se o diagnóstico através dos sintomas associados à dosagem da testosterona no sangue.

O valor normal da testosterona varia entre as principais diretrizes médicas de tratamento. Mas o consenso geral é que valores abaixo de 260 a 300 são considerados, pois, baixos.  

Para tratamento do déficit de testosterona nos homens é importante tentar identificar a causa e avaliar, posteriormente, a possibilidade de um tratamento possibilitando um aumento da testosterona naturalmente pelos testículos. Um exemplo é o tumor da hipófise que pode levar a déficit de testosterona. Nesse caso os níveis de testosterona melhoram com tratamento específico do tumor com medicamento ou cirurgia. 

Outra causa frequente de déficit de testosterona em homens é a chamada síndrome metabólica. Trata-se das alterações associadas ao estilo de vida não saudável, quer alimentação ruim, quer sedentarismo.

Aumento da pressão, aumento do açúcar do sangue, alteração do colesterol e excesso de peso formam a síndrome metabólica, e estão associadas de acordo com muitos estudos, a redução da testosterona. O melhor tratamento é correção da causa, ou seja, mudança do estilo de vida, perda de peso e controle dos níveis alterados de açúcar, colesterol e pressão.  

Pode-se fazer uso de testosterona na síndrome metabólica através de medicamento a curto prazo para melhorar os sintomas enquanto a causa está sendo tratada. E o uso de testosterona contínuo é o tratamento para causas não reversíveis, desde que feito o diagnóstico corretamente e a reposição seja feita com acompanhamento médico.  

Quando não repor testosterona

Uma questão importante é o uso de testosterona com o intuito de melhorar sintomas que não são especificamente associados a redução de testosterona, como cansaço, falta de ânimo, falta de energia e distúrbios do sono. Nesses casos, apenas a reposição de testosterona provavelmente não irá resolver os sintomas.

Nesses casos é importante investigar a causa dos sintomas, o que envolve vários diagnósticos diferenciais. Colocar a causa na testosterona é uma forma de iludir as pessoas e atrair para tratamentos questionáveis geralmente alternativos, caros e famosos nas mídias. 

Outro problema de saúde pública é o uso de forma abusiva de testosterona como esteroide anabolizante, com o objetivo de ganho de massa muscular, só que sem diagnóstico de hipogonadismo. A testosterona de fato facilita e muito o ganho de massa muscular (associado a alimentação com mais proteínas e treino de musculação de alta intensidade), mas causa muitos efeitos colaterais e para esse fim o seu isso é fortemente não recomendado.  

Alguns dos problemas consequentes ao seu uso inadequado são: 

  • Doenças do fígado
  • Doenças dor rins
  • Doenças do coração
  • Irritabilidade e agressividade
  • Dependência
  • Infertilidade
  • Ginecomastia (aumento das mamas nos homens)

Qual a forma segura de usar esteroides anabolizantes?

Muitos pacientes questionam qual a forma segura de fazer uso de esteroides anabolizantes com fins estéticos ou melhora de performance. E a reposta é: não existe essa forma segura, mesmo fazendo acompanhamento com médico especialista em hormônios. Nenhuma forma é segura, pois realmente esse uso com tal fim não é correto.  

Hipogonadismo na mulher

Com relação às mulheres, o hipogonadismo feminino é o déficit de estradiol, o principal hormônio feminino. Não existe a doença com deficiência de testosterona na mulher, pois testosterona é o hormônio masculino. Assim, mulheres com déficit hormonal devem fazer reposição de estradiol e não de testosterona.

Um exemplo de hipogonadismo é a menopausa, cujo tratamento, quando há indicação, realiza-se com estradiol e, em alguns casos, progesterona.

A doença da mulher associada à testosterona é o hiperandrogenismo, que significa excesso de andrógenos (outro nome para hormônio masculino). Nesse sentido, essa é a única indicação da necessidade de dosagem de testosterona na mulher, para avaliar se está mais alta que o normal para o sexo feminino.  

O exame de testosterona disponível é feito para os níveis naturalmente altos do homem e não tem sensibilidade boa para os níveis naturalmente baixos das mulheres. Por isso, não tem como afirmar que o valor está baixo para a mulher, pois não existe valor mínimo de referência. O exame serve para avaliar quando o valor está alto. 

Uma das causas de hiperandrogenismo por exemplo, é a síndrome dos ovários policísticos, levando a hirsutismo (pelos no rosto em locais semelhantes a “barba” e “bigode”), espinhas e queda de cabelo.  

Riscos do uso de testosterona na mulher

O uso de testosterona na mulher além de todos os riscos descritos acima também leva a mudanças das características femininas. Assim, outros efeitos na mulher são mudança da voz com engrossamento, queda de cabelo e calvície, atraso e falha na menstruação, oleosidade da pele e espinhas, pelos em locais inadequados como o rosto e aumento do clitóris.   

Para saber como está o nível de testosterona é importante procurar avaliação médica com um endocrinologista, médico especialista em hormônios. Ele irá fazer uma avaliação clínica dos sinais e sintomas, exame físico, histórico pessoal e familiar.  Quando repor testosterona na mulher é um questionamento que deve ser avaliado com cuidado com um especialista e de forma individualizada para cada caso.

Irá também avaliar a necessidade de dosagem de testosterona, o diagnóstico correto e o tratamento mais adequado e seguro. Existem indicações precisas do uso de testosterona na prática clínica, beneficiando muitas pessoas com melhora da qualidade de vida.  

Quando repor testosterona de forma segura

Portanto, devemos ter cuidado com informações de fontes não confiáveis sobre testosterona e hormônios de forma geral. Muitas informações infelizmente não verdadeiras vêm de profissionais que não são da saúde, de profissionais não médicos, ou médicos não especialistas, que encontraram nesse meio um motivo atraente para aumentar os ganhos financeiros, muitas vezes causando mal aos pacientes.  

Allyne

Sou médica endocrinologista e falo sobre saúde de forma simples e descomplicada para levar informações e orientações confiáveis às pessoas de forma atualizada e com evidências científicas.

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