Alimentação para quem tem glicose alta deve ser composta por alimentos saudáveis e com menor quantidade de carboidratos, ou seja, com menos açúcar. O aumento de açúcar no sangue pode causar diabetes mellitus, que é a doença em que a ocorre redução na produção de insulina (diabetes tipo 1) ou alteração no funcionamento da insulina, o que chamamos de resistência insulínica (diabetes tipo 2).
A insulina é o hormônio produzido pelo pâncreas que controla a glicemia, ou seja, o açúcar do sangue. Sem insulina de forma adequada ocorre aumento da quantidade de açúcar presente no sangue, o que é prejudicial para a saúde, uma vez que pode levar a consequências em vários órgãos como visão, rins, nervos e coração.
O tratamento do diabetes melhora a função da insulina e, como resultado, controla o açúcar do sangue e previne essas complicações. Saiba como é muito importante ter os cuidados com a alimentação para o tratamento adequado para quem tem glicose alta.
Pilares do tratamento do diabetes
Para o tratamento adequado do diabetes são necessários 3 cuidados:
- Alimentação adequada
- Atividade física regular
- Uso de medicamentos
Em relação à alimentação para quem tem glicose alta, não existe uma estratégia alimentar padrão que funciona para todas as pessoas. Afinal cada pessoa apresenta sua particularidade de vida e suas características genéticas. Recomenda-se um plano alimentar saudável, com redução de calorias em caso de sobrepeso ou obesidade associada, e prática de atividade física.
Os benefícios da perda de peso para quem tem diabetes aumentam com o tempo, e são mais sentidos quanto maior a taxa de perda de peso e menor o tempo em que já se está com diabetes. Realizou-se um estudo chamado DIRECT na Inglaterra e Escócia com 306 pessoas com até 6 anos de diagnóstico de diabetes e sobrepeso ou obesidade.
Esse estudo mostrou, como resultado, que 24% dos pacientes no grupo de intervenção tiveram perda de peso maior que 15kg após 12 meses, com taxa de remissão de diabetes de 46%. Assim, a perda de peso possibilita um melhor controle do diabetes e em alguns casos até remissão, ou seja, normalização do açúcar no sangue.
A estratégia nutricional deve ser individualizada e adequada à realidade de cada pessoa. A melhor estratégia é aquela que a pessoa vai conseguir fazer. De uma forma geral, recomenda-se uma dieta saudável, balanceada, com restrição de carboidratos simples ou refinados de rápida absorção. Isso significar priorizar grãos integrais, vegetais, legumes e frutas.
Qual a melhor dieta e alimentação para quem tem glicose alta?
Afinal existe uma dieta melhor? Os estudos mostram que não. Um outro estudo avaliou 9 tipos de dieta: dieta de baixa gordura, dieta vegetariana, dieta mediterrânea, dieta hiperproteica, dieta com restrição moderada de carboidratos, dieta com baixo conteúdo de carboidratos, dieta de baixo índice glicêmico e dieta paleolítica.
Observou-se que todas essas dietas foram capazes de reduzir significativamente as medidas de glicemia e ajudar no controle do diabetes. O importante é realmente buscar uma mudança na alimentação, fazer testes e observar como o organismo reage da melhor forma.
Todos os três cuidados são fundamentais para o controle do diabetes. Mas a alimentação é primordialmente importante. Recomenda-se para todas as pessoas ter uma alimentação saudável para prevenção e tratamento de doenças associadas à alimentação.
Macronutrientes
Além disso, para quem tem diabetes é necessário restrição de carboidratos, ou seja, comer menor quantidade de carboidratos do que quem não tem diabetes. Primeiro é necessário entender sobre os nutrientes da alimentação. Os carboidratos estão entre os 3 principais macronutrientes que são:
- Proteínas
- Gorduras
- Carboidratos
Carboidratos na alimentação para quem tem glicose alta
Os carboidratos são os macronutrientes que fornecem a fonte primária de energia para as células do corpo funcionarem adequadamente. Fazem parte dos carboidratos os açucares e as massas como arroz, pão, macarrão, batata, mandioca e, da mesma forma, frutas, sucos e doces.
Ao ingerirmos carboidratos, eles passam pela digestão, depois pela absorção no intestino, e no sangue se transformam posteriormente em açúcar. Quando o açúcar no sangue está anormalmente elevado se trata da doença diabetes. Por isso a alimentação é tão importante na influência no controle do diabetes.
Em relação à quantidade de carboidratos, a dieta divide-se em:
- Balanceada: 45 a 65% de carboidrato das calorias diárias definidas para cada pessoa
- Baixa em carboidratos (low carb): menos de 100 a 130 gramas de carboidrato por dia
- Muito baixa em carboidratos (cetogênica): menos de 50 gramas de carboidrato por dia
É importante reduzir a quantidade de carboidratos, mas deve-se colocar em prática de forma individualizada de acordo com as preferências e realidade de cada pessoa. Não existe superioridade das dietas com redução grande de carboidratos, o que não pode acontecer é passar do limite de uma dieta balanceada.
Comer menos carboidrato pode ser uma opção, com acompanhamento especializado, desde que seja possível para a pessoa colocar em prática e conseguir manter esse padrão alimentar. Mas o segredo para o controle adequado não é cortar os carboidratos e sim aprender a balancear o seu consumo.
Assim, quem tem diabetes tem que ter controle da quantidade de carboidratos que ingere em cada refeição ao longo do dia , de forma a ter a glicemia sob controle, além de ser importante também para o controle de peso por causa das calorias provenientes dos carboidratos.
Quem tem diabetes deve cortar os carboidratos da alimentação?
Não basta reduzir muito ou cortar os carboidratos da alimentação. E sempre que for realizada uma redução ou retirada é importante que seja com avaliação e acompanhamento especializado. Para alguns casos não é saudável, como por exemplo para gestantes, pessoas com alteração da função dos rins ou em uso de alguns tipos de medicamentos.
A quantidade de carboidratos dos alimentos chama-se carga glicêmica e a forma como o alimento com carboidrato aumenta a glicemia chama-se índice glicêmico. É importante avaliar esses dois fatores na escolha e consumo dos alimentos.
Uma dieta com menor índice glicêmico também pode ser considerada em pessoas com diabetes, com ação no controle principalmente da glicemia pós-prandial (glicemia após as refeições), sempre considerando também a quantidade total de carboidratos. Como exemplos de alimentos com menor índice glicêmico temos iogurte, aveia e grão de bico.
Importância das fibras para quem tem diabetes
A ingestão adequada de fibras é muito importante para o controle do diabetes pois ajuda na redução do índice glicêmico dos alimentos e refeições. É preferível que essa ingestão ocorra por alimentos naturalmente ricos em fibras em vez de suplementos de fibras. Como exemplos de fibras temos chia, linhaça, semente de abóbora e gergelim.
Não apenas os carboidratos, mas também o consumo de proteínas e gorduras influenciam a glicemia direta ou indiretamente. A ingesta adequada de proteínas é importante para ajudar na saciedade e na manutenção da massa muscular. A função dos músculos influencia também na ação da insulina.
O consumo de gorduras deve ser semelhante à população sem diabetes, devendo prevalecer as gorduras mais saudáveis como as mono e poli-insaturadas (como o azeite) em vez de gorduras saturadas (como a banha de porco), por reduzirem o risco de doenças cardiovasculares como infarto e derrame em pessoas com diabetes uma vez que já apresentam maior risco dessas doenças.
O uso de adoçantes pode ser realizado com o objetivo de reduzir o uso do açúcar comum e consequente redução de calorias. No entanto, seu uso sozinho não apresenta melhoras no controle glicêmico, dependendo do restante do planejamento alimentar e dos macronutrientes.
Abaixo, em síntese, as principais recomendações gerais para a alimentação de pessoas com diabetes:
- Redução da ingestão de carboidratos refinados e açúcares adicionados, priorizando o uso de carboidratos de vegetais, legumes, leguminosas, frutas, laticínios e grãos integrais.
- Consumo adequado de proteínas: 1 a 1,5 gramas por cada kg de peso corporal por dia.
- Consumo adequado de gorduras: 20 a 35% das calorias diárias.
- Em caso de sobrepeso ou obesidade: perda de pelo menos 5% do peso corporal.
- Consumo de fibras: 25 a 30 gramas ao dia.
- Redução de bebidas contendo açúcares naturais ou adicionados.